quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tartarugas

O pedestre sabia ostentar em certas condições sua ociosidade provocativamente. Por algum tempo, em torno de 1840, foi de bom-tom levar tartarugas a passear pelas galerias. De bom grado, o flâneur deixava que elas lhe prescrevessem o ritmo de caminhar. Se o tivessem seguido, o progresso deveria ter aprendido esse passo.

Walter Benjamin. "Sobre alguns temas em Baudelaire". p. 122.
Mas o tema da tartaruga é bem antigo. Acima, Jovem pescador napolitano brincando com tartagura, de François Rude, apresentado no Salão de 1831. O menino tem um escapulário em volta do pescoço. Rude, o escultor, nunca foi à Itália, mas sua representação não-idealizada da natureza e a ingenuidade de seu objeto causaram furor.
Esta outra peça, Criança brincando com tartaruga, foi feita por Pierre Hébert em 1849 e exposta em 1858. Com uma corda improvisada, feita de cipós e outras fibras, a criança faz da tartaruga um brinquedo. Ao contrário de Rude, não há qualquer indicação histórica na figura - não há chapéu, não há escupulário, não há ofício determinado para o jovem. Da mesma forma, sua tartaruga é ancestral, perdida no caldo amorfo da Antiguidade.

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